Futebol dominical
Ninguém segura a onda da torcida sobre o barranco. Enquanto o mundo espera o rolar da bola. Domingo rolava a bola no campo do barranco e a cidade toda subia aos trancos. As moças fitavam com suas fitas coloridas estridentes cheirando bergamota enquanto escolhiam seus favoritos. Vivia-se no alarido dos copos da copa as histórias da semana. O velhinho veterano do time segurava o canto da cerca certo que ainda dava para entrar em campo. Segurava-se. Uma poeira se movia daqui para lá e vice-versa cheia de crias. O criaredo. Alguém precisa não vacilar e viver num domingo de tarde. Os craques se avolumavam pelos arredores chegando. Corriam as chuteiras sob o sovaco. Vício levado graciosamente pelo campo vencia qualquer vacilo. Transcorria tudo corrido o sol ensandecido sem companhia preliminar tudo aviava avivava era uma vaia só a cada furada na bola furada no arame farpado na farpa da canela do noviço que chegado agora aspira entrar com tudo isso não se inventa tão fácil assim tem que redundar por uns tempos em volta da área. Mas quando a bola caía na dimensão azul livre entre o sol e a solidão do coração macio de expertise em metas sempre concluía: boa.