Restos de sonhos

 

 

 

Rabiscos de algumas linhas, segurando a voz, e os dedos, para não escrever... vai saber o porquê, amassa os papéis de seda, joga fora os rascunhos, sufoca os medos em silêncio, queima as poucas páginas do desalento, borra com tinta a desilusão, restos de poesias, joga fora, esboços, gestos de alegria, resolve viver por viver, olhando ao redor, tudo sem qualquer sombra de fantasia, pois à sua volta resume-se em solidão... o dilema é aceitar viver o resto da vida sem você que sempre será o maior desejo reprimido. Vai seguir o seu destino, a vida é uma única viagem, que às vezes apresenta, ou escolhe a saudade por companhia, não tem como comparar à felicidade, carrego esse fardo que é o deserto repleto de espinhos e de cactos, paisagem fiel da minha alma. Carrego também tantas lembranças dum futuro com cheiro de relva, quando ainda éramos estrada, sem rumo ou retrovisor dia e noite, madrugadas, sem perdas alguma para lamentar, o que nos consolava era rirmos olhando a lua! onde ficou, eu e a minha alma insistindo em divagar, tentando manter a esperança! Desilusão e tristeza que adentra o mar que sou, e some com as marés que derramam conchas nas pegadas deixadas, por onde vou... fiquei quem sabe, onde o tempo não existia, e outrora era uma palavra de fantasia. Hoje onde tudo corre, tudo existe, tudo fere, tudo afronta os nossos restos de sonhos, lembranças vãs e restos de poesia, o tempo faz isso, nem é culpado, o tempo é a vida, a minha e a de todos os que anseiam e se perdem no oceano de nostalgia.

 

Liduina do Nascimento

 

 

 

 

 

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Liduina do Nascimento
Enviado por Liduina do Nascimento em 12/02/2022
Reeditado em 13/09/2022
Código do texto: T7450296
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