Chuva escorre em canções
No escuro a chuva escorre em canções, lavando o corpo dos ventos que inventam poesias no verde das folhagens. O tempo parece confidenciar minúcias do universo ao pé do ouvido das horas noturnas.
Dentro de casa um silêncio se deixa dormir no limiar das janelas, sonhando sons das goteiras.
Inspiração se revela nos barulhos da mente, quando o poeta é verso dentro de si mesmo e à flor da pele. Emoções são floradas repentinas e às vezes despetalares doloridos, mas necessários.
E a chuva segue saltando das nuvens, espatifando-se prazerosa na palma do chão. Nesse momento o poeta é rio que transborda cheio de lama dos sentimentos de solidões.
Poema é varal esticado para de vez em quando pendurar resquícios de romantismos, provenientes dos desperdícios dos sentires.
É que a vida é turbulência quando os desejos latejam desesperadamente. As multidões de seres são quase nada, quando apenas um ser se torna o universo para o outro. É que o amor desconhece medidas e deixa enxergar grandezas extraordinárias na pequenez e igualdade de cada um; E inversamente faz pequenas as grandezas que são exibidas usufruindo de egoísmos e vazias de bons sentimentos e serenidade.
No escuro a chuva escorre em canções...