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Bambolina

 

O livro deixado sobre a mesa, a vela ainda acesa e no copo uma dose de amargura. Nada se mexeu, a cortina imóvel tinha medo de esvoaçar e a poeira densa lutava pra se manter suspensa no ar. Tudo ali lembrava um resto, um sopro, vestígios de uma história de amor.  Desejos tantos, amores poucos, mares inteiros, profundos e revoltos.

 

E o amor? Foi deixado para o próximo encontro, de pronto só precisava ensaiar, ajeitar o quarto, preparar a cena e se posicionar diante da luz da ribalta, ser o foco, receber aplausos, reverenciar.

No palco um único cenário, ações pungentes, âmago carente esperando o fechar das cortinas e um beijo na coxia.

 

Pobre amor, foi além do desfecho, não aceitou a crítica, sucumbiu no anonimato. 

 

Fim do Ato!

 

                    Sandra Laurita

 

 

*Interação do poeta Herculano Alencar*

 

Segundo ato

 

Quando o amor encontra a poesia

e a verve do poeta se inflama,

o teatro da vida estreia um drama

e o ator principal sai da coxia.

 

Ator que, mesmo velho, ostenta a fama

que veio desde o seu o primeiro ato,

e foi eternizada no retrato

que dorme na parede de quem ama.

 

Ah, o amor, essa pobre e velha rima

que vaza a poesia como esgrima

pra enfim revelar que foi em vão.

 

Amor que sempre traz algo escondido,

pois só a flecha cega do cupido

é capaz de enxergar o coração.

           

                        Herculano Alencar

 

 

*Interação do poeta Olavo*

 

"Amor pra clarear a cena 

Num palco quase apagado 

Trouxe beijo de cinema 

Num ato bem ensaiado.

 

                 Poeta Olavo

 

 

 

Sandra Laurita
Enviado por Sandra Laurita em 10/02/2022
Reeditado em 23/02/2022
Código do texto: T7449012
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