Imagem by Pinterest
Bambolina
O livro deixado sobre a mesa, a vela ainda acesa e no copo uma dose de amargura. Nada se mexeu, a cortina imóvel tinha medo de esvoaçar e a poeira densa lutava pra se manter suspensa no ar. Tudo ali lembrava um resto, um sopro, vestígios de uma história de amor. Desejos tantos, amores poucos, mares inteiros, profundos e revoltos.
E o amor? Foi deixado para o próximo encontro, de pronto só precisava ensaiar, ajeitar o quarto, preparar a cena e se posicionar diante da luz da ribalta, ser o foco, receber aplausos, reverenciar.
No palco um único cenário, ações pungentes, âmago carente esperando o fechar das cortinas e um beijo na coxia.
Pobre amor, foi além do desfecho, não aceitou a crítica, sucumbiu no anonimato.
Fim do Ato!
Sandra Laurita
*Interação do poeta Herculano Alencar*
Segundo ato
Quando o amor encontra a poesia
e a verve do poeta se inflama,
o teatro da vida estreia um drama
e o ator principal sai da coxia.
Ator que, mesmo velho, ostenta a fama
que veio desde o seu o primeiro ato,
e foi eternizada no retrato
que dorme na parede de quem ama.
Ah, o amor, essa pobre e velha rima
que vaza a poesia como esgrima
pra enfim revelar que foi em vão.
Amor que sempre traz algo escondido,
pois só a flecha cega do cupido
é capaz de enxergar o coração.
Herculano Alencar
*Interação do poeta Olavo*
"Amor pra clarear a cena
Num palco quase apagado
Trouxe beijo de cinema
Num ato bem ensaiado.
Poeta Olavo