Filha das dunas
Onde o tempo não é tempo
Ele não corre , mas a areia escorre por entre os dedos
Num entrelaçar de sonhos, pensamentos e passos
Silencio na imensidão, céu, espaço
Pôr do sol de mais um dia que se foi
Caminho , a passos lentos, me desfaço
Como os grãos de areia, que o vento leva
lentamente
Sem pensar, só fluir, minha alma espera
O dia que entenderá que existe
Eternamente
Perdura a respiração que é constante
Do deserto, sou filha, das dunas habitante
Estelar em poeira feito brilho
Sou o universo inteiro a criar
Cada galáxia, em cada giro
Volto em mim, volto a soar
Como canção que harmoniza a tudo
Fluo, rodopio, me calo, um som mudo
Com um sorriso de um simples
Ser
Eterno, etéreo, desnudo
Despido em encanto do que é
Resta apenas a partícula a rodopiar pelo céu
Flutuando como uma pena, sem pena a dançar
Movimentos de quem é testemunha, é acontecimento, é réu
E assim, como areia eu mudo
Sou o ar, sou o vento, movimento,
sou tudo
o que fica e o que restou
A areia da ampulheta do tempo
Que no deserto seu som ecoou.