Versos de cabresto
Não me peça de cabresto uns versos isolados de contexto.
A poesia não é assim.
Põe a mão à garganta e força
E aos regogitos lá vem ela...
Embora seja quase assim...
Por seu caráter espontâneo.
A rima, a lima, o ferro e a foice,
Depois de muito suor,
Surge como algo extemporâneo...
Me julgam de não saber nada em matéria de poemar, por tanto dele perguntar, tanto dele exclamar...
Sim, nada sei... deste imenso mar...
Só sei... se como o ar que entra aos pulmões que se passa despercebido.
Assim se fez em mim tal mecanismo...
Que é quando menos respiro que sei o quanto me faz falta...
Quando dele nada indago, nem uma mísera exclamação...
Olho aos lados, vejo flores, corpos lacivos, atos de amor, lágrimas e alegria... então sinto algo a me faltar...
Meu amor me desacredita, por eu ser um fingidor...
Não sabe que quando meus versos são latentes é que são de paixão...
Sendo eles de sofrimento -
Frutos de um verdadeiro amor...
Já vi fantasma, onça brava, dinheiro aos montes... já vi reza de Santo, do Cristo, seu manto...
Do pó, me ficou a estrada...
Das histórias, só me restou a fada...
Um dia já acreditei em nada...
Da esperança, fiz meu mote de vida...
Pois saiba, se finjo a dor de tantos...
Não saberia, melhor ainda, viver as dores em mim?
Se a cada dia se morre um pouco...
Para no outro dia renascer...
Te amarei eternamente até que este dia chegue ao fim...
Marcio Lima
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