Agora eu corro
Por onde anda aquele amor ingrato que parece querer se condenar ao esquecimento?
Ó, tristeza minha! Leva de uma vez o pouco que ainda resta da minha lamentosa poesia.
É certo que a gente vive de teimoso e ser feliz é puro ato de teimosia.
Pensem nas crianças, as rosas do amanhã. Elas merecem crescer com um pouco de fé e esperança.
Eu sou o sereno da madrugada orvalhando sobre a fronha do travesseiro.
Eu sou a face da desilusão. “Cortaram o meu pé de laranja-lima.”
A conselho de um amigo, decidi continuar correndo. Piso no acelerador, contudo, não avanço sobre o sinal vermelho. Perto da velhice o farol fica mais vermelho.
Estou de mudança, pra qualquer lugar onde se viva do mel do amor e do pão do espírito.
Por onde anda aquele amor benevolente e inspirador? Por quais caminhos torpes fizeram passar e calar os nossos versos?
Maldito! Que seja amaldiçoada toda a prole do egoísmo e do orgulho.
Nas sombras noturnas surgem medonhas egrégoras. Ah! O teu destino incerto ainda me aflige.
Silente é minha dor de agora e enquanto disparo na pista com o vento agitando meus cabelos, vou me despedindo de velhas, e outrora amadas, paisagens.
Eu corro…