Rispidez

Há dias que o sol se retira de mim,

que tudo que é prazeroso se ausenta,

E nesses dias eu apenas arrasto-me, divago, torcendo para essa tormenta passar...

Há dias que sou apenas um pequeno grão,  esquecido pelo tempo, jogado de lado, nesses dias só habita em meu ser esse ar poeril de coisas velhas, que insisto em esconder.

E são dias pesados, que consomem a energia da mente, do corpo, que suga toda alegria que já se faz tão escassa, ausente nesse meu complexo ser.

Não há como fugir, esquecer...é preciso continuar, mesmo arrastando correntes,  mesmo que eu mesma de mim ausente,

desse sabor amargo, insistente que decide ficar, sem brisa, sem afago.

Há dias que a mente é só um sótão

de velhas lembranças dos tempos de criança, com tantos sonhos empoeirados pelo tempo

que escapam num breve momento.

Há dias que faltam cores que dão tom a vida, que deixa a jornada mais descabida,

mas faz parte do jogo, um dia de glória,  outro de derrotas aguerridas.

Não há rima, nada inspira, sou apenas eu

sem vontade de degladiar com palavras

que não se encaixam, não resta-me outra escolha, apenas deixar esses dias passarem,  e eles passam ríspidos

porque há dias que até mesmo a poesia,

tem seu tom de pesar, de um sufocado grito

Há dias que nada mais são, que um verso inacabado, esquecido num canto qualquer, num lugar inabitável.