MALDITO RELÓGIO!

JOEL MARINHO

Era cedo da manhã, o sol nascia

Eu sonhava tanto, quanta energia

Corri por vezes demasiadamente

Ansioso queria ganhar o mundo

E quem sabe tocar as estrelas.

O relógio corria e com ele eu também

Já era nove horas e eu olhava para o meio dia

Quanta aflição, quanta agonia!

De repente os dois ponteiros se encontraram

Meio dia em ponto e eu cansado.

Agora ele já caminha para as quinze horas

E eu sem muita força, mas cheio de reflexões

Já não faz mais nenhum sentido correr

E para falar a verdade, nem o maldito relógio

A quem eu tanto prezava, não mais me importa.

Não me interessa também as palavras vãs

Aquelas que só me faziam correr em desespero

Tudo para ser igual a todo mundo como me falavam,

Quanta falta de maturidade da minha parte.

Quanto ao tempo, já não me preocupo mais com ele,

A morte? Coitada, não me faz mais medo

Já o espero, mas que ela demore, quero é viver.

Me pergunto: Por que me fizeram sofrer tanto?

Às vezes esboça em mim um pouco de raiva,

Mas eu penso: era o processo da vida.

Quando criança queremos crescer

Quando crescemos queremos “vencer”,

Mas vencer o quê se já nascemos vencedores?

E se alguém me pergunte hoje o que quero:

Eu não quero mais nada a não ser sonhar,

Porém sem pressa, tomando um vinho e amando,

Amando as pessoas ao meu redor,

Mas amando, sobretudo a vida.

O resto? Pouco me importa,

Prefiro a paz interior e um martelo

Para quebrar o maldito relógio que tem pressa!