MESMO ASSIM

MESMO ASSIM

É assim tentando exprimir o inexprimível, que vamos de toque em toque tentando enfiar num arquivo, numa anticéptica folha de papel, um sentir irresumível. Algo que se basta e nos enche de uma comoção do cão. A gente vai, se trai, traz tudo de dentro, espreme e joga, imprime e olha. Teme e tenta jogar fora, enjoa, mas mesmo assim desiste e mostra. Tudo pra aplacar o vicio de brilho no olhar. Depois é só encher-se de ti e de si e tentar tudo de volta, mesmo com a plena certeza, que é mais fácil escrever sobre a metafísica contida num pêlo de cílio postiço decaído num solo de puteiro, que tratar de amar sem ser piegas.

Alex Camilo de Melo
Enviado por Alex Camilo de Melo em 21/11/2005
Código do texto: T74406