Dias e noites
E quando das tiras de arrebol deixadas no céu, começam a saltar estrelas tímidas, é como se fossem diamantes caindo entre os dedos da tarde, pela cegueira que a noite vai causando lentamente nas vastidões dos ares.
E então os silêncios se espalham pelos campos, enquanto que os barulhos se amontoam nas cidades cheias de pressa. Os temores dispensam as calmarias e amordaçam as gentilezas criando as indiferenças. Fica parecendo total egoísmo do ser, quando na maior parte, é apenas regresso para o aconchego do lar.
E as estradas e ruas carregam viagens nos ombros. Das sobras do dia, o cansaço é osso deixado no fundo do prato e no raso dos braços.
E das janelas entreabertas das casas, as brisas contam frescores da noite, para o agasalho das paredes internas que envolvem famílias em proteção e zelo.
E assim as navegações das horas cruzam madrugadas nos mares de sonhos e pesadelos. As desigualdades sociais congratulam o luxo e o lixo.
E ao serem rasgadas, madrugadas ficam na espera do dia vir com seu cesto de sol, colher os diamantes espalhados no chão dos céus. Ciclos repetitivos.