Introspecção dialética

Meus pulsos doem

Minhas costas me torturam

Meu ombros me matam

Meus olhos saltam de tela em tela

 

Pescoço rígido

Sentado em uma posição

Temporariamente confortável

Porém nociva ao longo prazo

 

Meus dedos dançam sobre teclas

Anotando informações de outrem

Que não me convém saber

E que logo irei esquecer

 

Diariamente meus ouvidos captam histórias

Das quais eu me identifico ou sou totalmente alheio

Todas as noites encaro o cansaço no espelho

Mentindo dizendo que irei dormir cedo

 

Eu já não sei se minha noção de sucesso

É realmente minha ou mera convenção social

Esse impasse me provoca nas madrugadas

E eu me pego passeando pela casa

 

Passado, Presente e Futuro

São meus companheiros confidentes

Me contam o que fiz, faço, penso fazer

 

Consumo notícias e curiosidades que me agregam pouco

Ou pelo menos assim creio

Labuta diária na tentativa de fugir de um anseio

Das expectativas que vão me deixando louco

 

Permaneço com meus vícios e maus hábitos

E me pergunto se estou realmente tentando mudar

Perdido no tempo-espaço da minha sala de estar

Eu me dou conta de que sou:

 

Inimigo da minha própria existência

Vilão do meu próprio ser.

Pablo de Sena
Enviado por Pablo de Sena em 24/01/2022
Reeditado em 15/04/2022
Código do texto: T7436540
Classificação de conteúdo: seguro