Introspecção dialética
Meus pulsos doem
Minhas costas me torturam
Meu ombros me matam
Meus olhos saltam de tela em tela
Pescoço rígido
Sentado em uma posição
Temporariamente confortável
Porém nociva ao longo prazo
Meus dedos dançam sobre teclas
Anotando informações de outrem
Que não me convém saber
E que logo irei esquecer
Diariamente meus ouvidos captam histórias
Das quais eu me identifico ou sou totalmente alheio
Todas as noites encaro o cansaço no espelho
Mentindo dizendo que irei dormir cedo
Eu já não sei se minha noção de sucesso
É realmente minha ou mera convenção social
Esse impasse me provoca nas madrugadas
E eu me pego passeando pela casa
Passado, Presente e Futuro
São meus companheiros confidentes
Me contam o que fiz, faço, penso fazer
Consumo notícias e curiosidades que me agregam pouco
Ou pelo menos assim creio
Labuta diária na tentativa de fugir de um anseio
Das expectativas que vão me deixando louco
Permaneço com meus vícios e maus hábitos
E me pergunto se estou realmente tentando mudar
Perdido no tempo-espaço da minha sala de estar
Eu me dou conta de que sou:
Inimigo da minha própria existência
Vilão do meu próprio ser.