Dois gumes
Mais um dia da nossa jornada,
Vencido ou a ser.
Na luta constante pela sobrevivência –
Combatendo ao caos.
Na dissonante atmosfera,
Entorpecendo aos sentidos.
Moradores da periferia,
Sujeitos à covardia.
Se a pele for preta,
Mais um agravante –
Sem um mínimo de compaixão.
Na ponta da faca,
No fio de dois gumes.
Entre a cruz e a espada,
Desvencilhando-se.
Na resiliência –
Sinônimo de labuta árdua.
Ambivalência de dias,
Alternando:
A conquista –
E a dor do não conseguir.
Na injustiça reinando,
Procurando se manter longe –
Do descaso e da violência que abala,
Oprimindo todo discernimento.
Na falha do caráter alheio,
Pela falta de oportunidades:
Aquelas que nunca se tem.
Às vezes, com talento e desenvoltura,
Para quê? Alimenta a alma –
Mas não sacia a carne.
Compromisso consigo mesmo,
Para se manter são.
Até que finalmente,
A estrela brilhe,
Mostrando nova direção.
Por mais que demore,
Acredito que algum dia –
Isso possa a vir mudar.
Em um guinada –
Virada de chave –
Devolvendo a paz.
Com ela a calmaria,
Que tanto necessitamos –
Para enfim, sobreviver.
***
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