Dois gumes

Mais um dia da nossa jornada,

Vencido ou a ser.

Na luta constante pela sobrevivência –

Combatendo ao caos.

Na dissonante atmosfera,

Entorpecendo aos sentidos.

Moradores da periferia,

Sujeitos à covardia.

Se a pele for preta,

Mais um agravante –

Sem um mínimo de compaixão.

Na ponta da faca,

No fio de dois gumes.

Entre a cruz e a espada,

Desvencilhando-se.

Na resiliência –

Sinônimo de labuta árdua.

Ambivalência de dias,

Alternando:

A conquista –

E a dor do não conseguir.

Na injustiça reinando,

Procurando se manter longe –

Do descaso e da violência que abala,

Oprimindo todo discernimento.

Na falha do caráter alheio,

Pela falta de oportunidades:

Aquelas que nunca se tem.

Às vezes, com talento e desenvoltura,

Para quê? Alimenta a alma –

Mas não sacia a carne.

Compromisso consigo mesmo,

Para se manter são.

Até que finalmente,

A estrela brilhe,

Mostrando nova direção.

Por mais que demore,

Acredito que algum dia –

Isso possa a vir mudar.

Em um guinada –

Virada de chave –

Devolvendo a paz.

Com ela a calmaria,

Que tanto necessitamos –

Para enfim, sobreviver.

***

Blog Poesia translúcida

Fabby (ana) Lima
Enviado por Fabby (ana) Lima em 19/01/2022
Código do texto: T7432585
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