O que diria Dostoiévski
Não me confunda
Não sou da sua laia
Não somos iguais
Seus preceitos arrogantes
Mais do que me encabular
Tenha certeza
Me encorajam
Não me meça por sua régua
Torta e contaminada
Que não mede a destreza, não mede a hombridade, não mede a amizade
Não
Sua régua mede a dor, o sepulcro; o desterro
Assim como você
E quem contigo caminha
Sua régua não mede em linha reta
Tal qual o bêbado que não acerta o passo
Sua régua não acerta a medida
Pois que
Eu lhe digo
Arreda pra lá seus vitupérios. Aliás, arrisco em dizer, que sua existência é um vitupério.
Tua presença
Tal como o cupim ameaça a madeira
Sua presença afronta, e corrói, a convivência em sociedade
Você, ainda que não saiba, destitui de humanidade qualquer gesto que possa indicar esse sentimento. Você, e parece que se satisfaz com isso, como um caturra, não se reelabora. Parece que esse aviltamento lhe confere certa dignidade. Mas não.
Dostoiévski, esse gênio da literatura universal, ao compor seus personagens os instituía de certa animosidade com a vida
Porém, se Raskólnikov é um homem atormentado pela necessidade de ser reconhecido, por isso comete alguns crimes
Há nisso algo de sublime, afinal, Raskólnikov, por suas atitudes, não almeja o fim da espécie humana. Ele age para que sua vida adquira tenha algum significado, por isso sofre. Sofre o desprezo de uma sociedade violenta e desigual. Mas não compartilha de sentimentos antihumanos
Você nem para personagem dostoiévskiano teria serventia. Você não comporta sentimentos dos quais fazem alguém ser ser humano
Não somos iguais
Transitamos caminhos diferentes
Nossas visões de mundo
Mais do que antagônicas
Vislumbram objetivos que não se aproximam
Eu almejo a vida, e por ela, luto
Você se regala com a morte, e por vibra
Não somos iguais
O sorriso de uma criança me anima a esperança
A você, vejo nos seus olhos, o mesmo sorriso ofende porque pra você nada que lembre alegria agrada
Me alegra ver o jardim
Lhe afronta a possibilidade da flor e o beija flor
Não somos iguais
É certo que não somos iguais.
Todavia, mesmo que lhe atribue elementos antihumanos, não vou negar
Tu pertence a nossa espécie, é do gênero humano
Porém, suas atitudes negam essa associação
Você é do gênero humano mas age como se não fosse
Pois, defender ideias que pregam a tortura, a fome, a morte de milhares de pessoas, em nome ideias e ideais antihumanos
Desqualificam o que se espera dos gênero humano
Agimos movidos pela razão, aliás, é através, e só por isso, que nos diferenciamos dos animais