Aconteceu

Aconteceu!

 

E o canto do pássaro soou triste.

 

O céu já não tinha a mesma beleza, as árvores não pareciam mais tão exuberantes como antes. O murmúrio das águas do riacho, soavam como lamentos de dor.

 

Toda a mata sentia. Ali terminava uma paixão.

 

E passaram a fazer parte da história, tantos sonhos, quantos risos soltos, juras, abraços apertados, beijos alongados, mão segurando mãos. A brisa da tarde que antes acariciava o rosto, agora enxuga a lágrima que teima em rolar pela face.

 

O sabiá, aninhou-se choroso. O lambari escondeu-se por debaixo da rama. E o silêncio aconteceu.

 

Ah! Coração!

 

Entendo seu descompasso, que busca bater no tempo de um soluço. Entendo o ar que se rarefez desconcertado e faltou à respiração ofegante. Entendo a turbidez do olhar, que procura em vão ver o que não mais existe.

 

Deixe que a noite venha... Espere a lua sair e quem sabe em seu lume encontre forças. Em sua cor prateada consiga ler palavras de consolo. Quem sabe a dança dos pirilampos possa trazer algum alento. Quem sabe exista vida, após o amor.

 

Quem sabe, depois da noite, o sol se deixe ver brilhar...