Descaso alheio

Praticamente dois anos –

Assombrados por um vírus mortal,

Dizimando vidas.

Não escolhendo a quem –

Acabando com sonhos.

Sujeitos a qualquer risco de intempéries,

Sem assistência – Negligenciados.

Proliferam os políticos desalmados,

Em causa própria.

A população vilipendiada –

Rasteja – Implora –

Por cuidados, saúde e comida.

A fome rasgando na alma,

A revolta cortando na carne.

Vítimas do descaso alheio.

Será que dormem tranquilos,

Com a consciência no travesseiro?

Enquanto, colhemos amargos frutos,

Pés descalços sobre as pedras –

Flagelo emocional.

Para quê tanta indignação?

Se no fim de tudo,

O que nos restam as migalhas.

Não mais sobre a mesa,

E sim, espalhadas,

No fétido chão da hipocrisia -

Que assola.

Ameaça invisível,

Pairando pelo ar.

Como sobreviveremos ao caos?

Uma sociedade sempre mais egoísta,

Um cabo de guerra,

Puxando a corda para si.

Vence quem for o mais forte,

Ou com a maior falha de caráter –

Para se obter um jogo sujo.

O quê mais esperar?

Senão sobreviver –

Um dia após o outro,

Até perecer.

***

Poesia translúcida

Fabby (ana) Lima
Enviado por Fabby (ana) Lima em 15/01/2022
Código do texto: T7429930
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