Se quiser saber de mim não pergunte a ela

Sinto na pele todo o impacto das ondas de amor, de calor ou da mais mesquinha inveja. No breu da noite espessa chega o esclarecimento.

Nestes tempos tão incertos mora em mim uma certeza: Sócrates é quem tem razão “tudo que sei é que nada sei”.

Soube que tu andas me difamando por aí. Aos homens dizes que desencaminho as esposas, e às mulheres dizes que eu brocho.

Ouvi dizerem que da vida tu andas desgostosa, pois os ventos trazem tudo de bom aos outros, mas para ti nada sopram.

Saibas que só brochei com a tua mãe, que até contenta na prosa, mas que na intimidade é dura e fria feito uma rocha.

Não contes tanto com a sorte, porque os ventos trazem, mas também levam embora.

Dá-me um cinzel, eu te faço uma escultura e se me deres um pouco de corda, dar-te-ei minhas metáforas.

Sê minha inspiração e eu serei pela eternidade o teu mais belo poema de amor e quando derramares uma lágrima, derramarei uma cascata.

Dá-me tudo e me deixa sem nada.

Ora, mas que bobagem a minha, tu não queres saber dos meus versos, nem desejas compreender minhas metáforas. Tu não necessitas de minhas lágrimas, muito menos de uma estátua.

Tudo que eu sei é que nada sei, então não julgues que sabes algo de mim.

Com orgulho exibes teu bronze, resultado de um grato verão, enquanto meu corpo congela no longo inverno da solidão.

Tens os olhos azul-turquesa que acordam paixões, uma efêmera beleza que alicia para a servidão da alma.

Eu sou um prosador flertando com a poesia. O chá é servido às cinco e não posso mais te esperar.