Perfumes deixados

No fundo dos frascos das emoções, restos de perfumes deixados, em tantos pedaços de noites entre lençóis. As janelas davam para o jardim e se embriagavam de orvalhos, deixando pingar desejos.

Na tua pele eu passeava e me perdia nu na amplidão de teu aconchego.

Então colhia néctar na tua boca e despetalava teus beijos na minha língua. O silêncio se fazia ouvinte de nossa respiração enlaçada nas mais doces sensações de prazer.

E de cores e sabores, eram as manhãs acordando-me em afagos de teus cabelos soltos deslizando no meu rosto, quando de leve se mexia e bocejava sonhos enluarados. Eram de mágica as palavras soltas nas cordas vocais, indo escorregar teus lábios em doçuras, em meu rosto e peito nu. Tinha tanta ternura em ti, que fazia calmaria, quando mar revolto dos meus desejos tocava tuas praias e te banhava em êxtase.

Tais quais girassóis, vestíamos gotas de sol, que pelas frestas das cortinas nos dizia das horas e então novamente fazíamos amor.

Destampo os frascos saudosos e, nas mais doces fragrâncias exaladas de teus poros inseridas em meus sentidos para sempre, desenha-se na minha frente, em nudez, vestindo-me de teu abraço envolvente.

Prosa de minha autoria que faz parte da Antologia PERFUME, organizada por Ana Maria Brasiliense, da qual honrosamente participei junto a outros poetas e poetisas de grande talento. Vale a pena conferir com ela (Ana) e a Editora Delicatta.

Takinho
Enviado por Takinho em 09/01/2022
Reeditado em 10/01/2022
Código do texto: T7425736
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