A partida (*corrida) 1

 

Deixei uma vida velha, rota e carcomida pelos calendários, que desprenderam-se do tempo como as folhas outonais. Sendo eu mesma o novo caminho, claudicando e apoiando-me em bengala imaginária, parti. Os primeiros dias eram tão ásperos de viver, que feriam a pele do coração sangrento. E as noites eram de pleno pavor, ao ressuscitarem os fantasmas medonhos do desespero. A caminhada começou tão frágil e trôpega, que pensei nunca mais suster corpo e mente, envolvidos no caos. Porém, tinha um cérebro que dizia prosseguir e andar sem olhar para trás. Uma nova ordem, um novo ciclo, uma nova mulher brotava de mim. O tempo é remédio para todas as dores da alma... uma lufada de esperança soprou-me, como deve ser o beijo de Deus. E o caminho de mar fez com que o barco deslizasse sem medo, sem dor, sem pesar. O mar da vida aportou-se na minha própria e convidou-me a navegar!...

Cassia Caryne
Enviado por Cassia Caryne em 09/01/2022
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