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Solidão é uma palavra forjada em aço frio, no fogo aceso na lenha de todas as dores
Mas eu flertei com ela maliciosamente, em devaneios que me faziam enxergá-la
como uma voluptuosa delícia de não precisar relacionar-me com ninguém a não ser eu
Ela deslizou para dentro de minha rotina, quase imperceptivelmente, a cada convite recusado
A cada ligação não atendida, em todos os olhares desviados
Foi-me cercando, sinuosa e silenciosamente
A ponto de criar ao meu redor uma aura especial que como que dizia: afastem-se de mim
E eu, cisne solitário, deslizava em águas tranquilas e rasas
A vida, porém, impulsiona para a frente todo aquele que tenta estacionar
e um dia vislumbrei que precisava de algo que em mim mesma não encontrava
Minhas mãos estavam cheias de vazio, meu coração entediado no não-fazer
E o exemplo dos que felizes convivem e compartilham passou a fazer-me inveja.
Meus olhos desviaram então do meu lago solitário, e ao se elevarem encontraram os teus
Nada pediste, nada querias tirar de mim, nem mesmo minha elegante solidão
Apenas deixaste carinho e atenção em minha porta, como ofertas de boa vizinhança
Teu sorriso era um convite amplo e generoso
E teu afeto me conquistou, por me deixar livre, me envolveu, por me querer assim como sou
Percebi que unir não é amarrar, agregar não é perder...
Deixei a solidão sozinha e fui-me à vida em tua companhia
E para onde ela nos levar, irei tranquila, andorinhas livres voando lado a lado
na direção do calor do sol, tendo o céu por testemunha, em núpcias com o amor.