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Solidão é uma palavra forjada em aço frio, no fogo aceso na lenha de todas as dores

Mas eu flertei com ela maliciosamente, em devaneios que me faziam enxergá-la

como uma voluptuosa delícia de não precisar relacionar-me com ninguém a não ser eu

Ela deslizou para dentro de minha rotina, quase imperceptivelmente, a cada convite recusado

A cada ligação não atendida, em todos os olhares desviados

Foi-me cercando, sinuosa e silenciosamente

A ponto de criar ao meu redor uma aura especial que como que dizia: afastem-se de mim

E eu, cisne solitário, deslizava em águas tranquilas e rasas

A vida, porém, impulsiona para a frente todo aquele que tenta estacionar

e um dia vislumbrei que precisava de algo que em mim mesma não encontrava

Minhas mãos estavam cheias de vazio, meu coração entediado no não-fazer

E o exemplo dos que felizes convivem e compartilham passou a fazer-me inveja.

Meus olhos desviaram então do meu lago solitário, e ao se elevarem encontraram os teus

Nada pediste, nada querias tirar de mim, nem mesmo minha elegante solidão

Apenas deixaste carinho e atenção em minha porta, como ofertas de boa vizinhança

Teu sorriso era um convite amplo e generoso

E teu afeto me conquistou, por me deixar livre, me envolveu, por me querer assim como sou

Percebi que unir não é amarrar, agregar não é perder...

Deixei a solidão sozinha e fui-me à vida em tua companhia

E para onde ela nos levar, irei tranquila, andorinhas livres voando lado a lado

na direção do calor do sol, tendo o céu por testemunha, em núpcias com o amor.

BiaSil
Enviado por BiaSil em 09/01/2022
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