Meu último poema

Meu último poema

Quando chegar tua hora

Venha simples e silente

Sem cena de cinema

Um agora sem guerrilha

Uma história tão presente

Uma trilha sem antes e depois.

Meu poema derradeiro

Sou nordestino compulsivo

Minha história é um dilema

Sou discípulo do sertão

Prefiro meu agreste a Ipanema

Sou sertanejo de destino

Às vezes, lavrador de ilusão

Sou menino sem maldade

Meu coração, a extorquir não aprendi.

Meus sonhos migram livres

Meus dias voam em declives

Minhas noites só sopram solidão

A saudade é quem me guia

Tudo que eu tenho

É uma equação de sofrimento

Mas vivo atento

Sob a égide da razão.

Meu último poema

Sou prosador impopular

Na minha sina de poeta

Nunca fiz versos de amor

Só de dor e solidão

Sou homem simples e sem letra

Eu só conheço meu sertão.

Vou deixar essa cidade

Violar, é verdade eu não posso

As leis do meu sertão

Pois ser fiel a nossa terra

É tradição lá no Nordeste

Aqui, extorsão e inverdades

São doutrinas e virtudes

Pra esculpir um cidadão.

Autor: Edmilson Silva

Joaquim Nabuco-PE

23/12/2021

EdSilva
Enviado por EdSilva em 03/01/2022
Reeditado em 05/03/2024
Código do texto: T7420718
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