Canto do Tempo
O tempo tropeça em mim e percorre minha pele num zigue-zague esquisito...
Forma traços reticentes que, vincados pela vida, enrugam as histórias todas que vivi
O tempo navega entorpecido e sem medo das tempestades que são os instantes
Não tem sentido algum...e segue
Retratos se unem ao longo dos anos enfileirados na parede esmaecida da sala
O silêncio perturbador do passado bate a porta às vezes...noutras apenas incrusta o presente
Estamos estranhamente a nos estranhar...
Como se o tempo anunciasse a morte de assalto
Ouço o aviso e me posto solene na cama do quarto escuro onde o amor permanece parado sem conseguir entrar
Não há espaço para mais nada além de mim e meus infinitos refúgios
Recuso o tempo abstrato, o que desenha promessas pelas calçadas marcadas de desamores
Irônico estático, o tempo me morre!