Passaram-se vários anos antes que eu descobrisse a minha relação com o universo, tudo o que eu via era diverso do meu espírito. O mundo replicava aos meus olhos sem que eu fizesse parte de nenhum fragmento que por ventura pudesse enxergar. Tudo era uma crescente negativa - e tudo me importunava obrigando-me a uma constante solidão. Uma ferida invisível era o escudo e em meio à tarde, eu era a noite. Experimentei o significado da inexistência, o que acabou por deter-me à flor de mim mesma. Compreendes? Compreendes a dor de uma criatura que não pertence a lugar nenhum?! Fecho os meus olhos e a sinuosidade luminosa estabelece contato - nada mais me fala de quaisquer tristezas que provenham de impressões mal explicadas. Novamente eu vejo a luz. Novamente eu sou a luz e o desenho da vida é refletivo, singularmente colorido e quente e me atrai o olhar sobre a soleira do mundo. A tais impulsos me entreguei e aquilo que a minha curiosidade buscava passou a fazer parte da minha alma primitiva, inspirando-me os sonhos me aproxima da paixão por estar viva, livre e poder amar.
foto: Luciah Lopez