Corpo tombado
Um grito –
Preso na garganta,
Almejando ecoar –
Pela imensidão.
Até quando?
Mais um corpo –
Negro tombado,
Ao lamacento chão.
Vidas desfeitas,
Almas dilaceradas.
Clamam por justiça,
Na injúria -
De seus destinos.
Sem zelo,
Já condenadas.
A pele preta,
Outra vez –
É massacrada,
Reputação –
Vilipendiada.
Qual é o valor –
De ninguém?
Que nasce à margem,
De vil sociedade?
Onde está –
A incompatibilidade?
O desejo de alguém,
Desde cedo,
Demonstrando o anseio,
Por tal pertencimento –
De um país menos injusto.
Até quando?
Mais um corpo –
Negro tombado,
Ao lamacento chão.
Banho de sangue,
Na vertente –
O bumerangue,
No bate e volta –
Gera a revolta.
Despreparados –
Incompetentes,
A maldade –
Fazendo escola.
Do governo,
As esmolas.
Cidadão subjugado,
Alienado tribunal.
Julgado e condenado,
Por um crime nada brutal:
De ter nascido,
No endereço errado.
O de sonhar –
Em meio ao caos.
***
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