Corpo tombado

Um grito –

Preso na garganta,

Almejando ecoar –

Pela imensidão.

Até quando?

Mais um corpo –

Negro tombado,

Ao lamacento chão.

Vidas desfeitas,

Almas dilaceradas.

Clamam por justiça,

Na injúria -

De seus destinos.

Sem zelo,

Já condenadas.

A pele preta,

Outra vez –

É massacrada,

Reputação –

Vilipendiada.

Qual é o valor –

De ninguém?

Que nasce à margem,

De vil sociedade?

Onde está –

A incompatibilidade?

O desejo de alguém,

Desde cedo,

Demonstrando o anseio,

Por tal pertencimento –

De um país menos injusto.

Até quando?

Mais um corpo –

Negro tombado,

Ao lamacento chão.

Banho de sangue,

Na vertente –

O bumerangue,

No bate e volta –

Gera a revolta.

Despreparados –

Incompetentes,

A maldade –

Fazendo escola.

Do governo,

As esmolas.

Cidadão subjugado,

Alienado tribunal.

Julgado e condenado,

Por um crime nada brutal:

De ter nascido,

No endereço errado.

O de sonhar –

Em meio ao caos.

***

Blog Poesia translúcida

Fabby (ana) Lima
Enviado por Fabby (ana) Lima em 29/12/2021
Código do texto: T7417408
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