Que Pena

Eu me furtei de obrigações,

Como quem furta da vida, não a divina, a mundana,

Um tempo pra si.

 

Haverá recompensa,

Duro labor,

dinheiro, fama e glória.

 

Mas, o amor só encontro nesse pedaço divino,

Nesta câmara sutil abaixo dos nossos olhos,

Que capta a essência do universo com todos os pixels,

Com a lente mais cara, alma.

 

Sem esses furtivos momentos

Em que subimos num monte e vemos todos como formigas

Correndo pra lá e pra cá,

Preocupados com não se sabe o que,

Com pressa não se sabe qual,

Some o sentido e a gente pergunta o sentido da vida.

 

Os lírios no campo sorriem

As aves no céu choram de dó.

 

À anos luz alguém olha pro tamanho dos universos e pensa:

“Que pena”.