Faça fazer sentido
então eu atravessei a rua e parei em frente ao abismo.
pensava em me jogar. pensava em quantas possibilidades também tinham se jogado lá.
me achei forte, pensei que iria aguentar.
o vazio lá embaixo está a me encarar
o silêncio que sobe parece me zombar.
depois de tudo o que passou
é assim que quer terminar?
pode ser só minha mente tentando me sabotar.
não é de se admirar que repetidas vezes
sonhei em pular.
confesso ser impaciente, não sei esperar.
todos esses capítulos, página por página
no final uma tragédia sempre para contar.
"espere, a felicidade vai chegar".
ela é o tipo de visita que sempre vai se atrasar.
enquanto isso já corri porta afora
e na beira de um precipício vim parar.
só queria fazer isso parar.
talvez ninguém possa me parar.
eu sou o penhasco e você não quer se arriscar.
pés para trás, cuidado para não escorregar!
tantos avisos e gritos em vão, não puderam escutar.
não diga nada. feche os olhos. tente se lembrar.
por você. é você a razão de ser, e sempre será.
o abismo sorriu, consegui me salvar.
é preciso estar no limite para enxergar
que se perder é essencial quando quer se encontrar