UM ORGASMO DE TODAS AS CORES
Respira-me entre as tintas entre as cores, sobre papéis e folhas, respira-me. Respira-me entre os livros amarelados e velhos jornais estereotipados. Respira-me na ausência da luz e na sombra das velas, nos cantos nos becos, nas ruas e nos campos, respira-me. Respira-me na terra úmida, na relva, nas flores, nos frutos maduros. Respira-me no olhar dos bichos, na cantoria dos pássaros, na malemolência dos rios, na alma dos peixes, respira-me! Respira-me nas tuas mãos a extrair da terra a gema preciosa, a pedra encantada - o olho do dragão. Respira-me quando preso à tua vestimenta de homem, respira-me na tua pele nua - vestimenta de macho que ao me possuir derrama-se em suores saciando a minha sede liberta-me de todos os pudores dissipando a condição dogmática que me impede o retorno ao primitivo. Respira-me pelos teus poros, pelas tuas veias, pelas tuas entranhas, pelos teus olhos, através dos teus sentidos. Respira-me pelo teu sexo - elo entre os mortais - respira-me até eu me adonar de ti e não restar mais nada nem de ti e nem de mim na combustão dos corpos um orgasmo de todas cores e a finalização do homem no renascer do sagrado. Respira-me...
Imagem: Obra do artista plástico Dhi Ferreira - Curitiba PR