O Caos
O que há aqui, dentro de mim
Se não a própria escuridão
O que há debaixo dessa pele fria
Que não seja angústia e caos
Por que eu não consigo alvorecer?
Condenado a viver na eterna madrugada
Não dá pra me mexer
Debaixo de tanto trauma
Que dia a dia esmaga
Esse caos
Tira o controle de mim
O que nunca tive
Meus olhos, choram sem motivo
E todos vão rir
Minhas mãos se fecham em punhos
E aí se espantam
As pernas me levam ao desconhecido
E me julgam quando ficam pra trás
Pela estrada sem fim de medo
Aquele horizonte está tão perto
E transbordando
Molhando meus olhos e escorrendo pelo meu rosto
Salgado como o mar
Leve feito ar
Traçando um caminho frio na pele
Por onde a esperança escapa
Isso acontece num relampejar
Quando percebo já estou tomado pela vazia tristeza
Aquela que eu não inventei
Esse caos nasceu comigo
E se transformou de abrigo a cativeiro
E hoje, refém, grito por socorro
Mas ninguém jamais virá me salvar
Nesse caos, hoje, percebo
Que ninguém
Jamais
Virá
Me salvar