Sou?
Tento ir, não fui ou fui, mas não cheguei e por ter ido jaz não estava, era, sou... Quando fui, tanto fui que parou, o relógio, o tempo, erámos só nós dois; agora é inútil tentar, não se trata de analíticas, se trata do que se trata e o que se trata já não é mais o mesmo que vinha a ser tratado, agora jaz é o vim a ser tratado, há de ser assim sempre. Deformo o objeto ao tocá-lo, ou deforma-me ao senti-lo, seria o mesmo aqui e lá, isso e isto? Nada e tudo; Oh quão maçante vida de poeta, pensa que sente, sente como pensa e sente que pensa, mas no final é poeta, sente e sente... Não me faça perguntas, não sei as respostas, mas se me fizeres perguntas como quem as sabe perguntar, há de me fazer lacrimejar pelos olhos da mente e a mente há de desprezar uma resposta que venhas a dar, cansada está, coitadinha, já viu tanta coisa. E nas paisagens que desenha com os dedos de como quem paira no infinito sempre tendendo ao mesmo, nada, se ver mais uma vez envolto no breu infindo. Entre o outro e o eu há um abismo, pois o eu é por si um abismo e o outro, bem, outro abismo a um outro eu, que chamo de tu, ele. Linguagem, termos sempre se relacionando ao contexto, esta palavra, aquela e isto que é o mesmo que nada, pois não tem objeto. Como hei de pensar? Que hei eu de pensar? Penso e isto é tudo, mas se penso e isto é tudo, não pensaria como ação em contínuo, como busca para algo, um alvo sempre a mira, posto isto, penso como busca por insuficiência no pensar, então, penso e isto é tudo já não é mais significativo, penso e penso é totalmente autoevidente, logo, penso e penso é mais modesto. Ou melhor, penso por estar agindo, pensando e por estar agindo penso, pois ajo me é evidente esta denominação dada por mim ao vocábulo agir, então, penso pois penso em tudo e existo por isto me ser evidente _ agindo _ pensando.