Bodas de cerâmica e vime

 

para Micaele, minha calma e dinâmica

estas bodas de vime e cerâmica

 

Mascarados. Assim começamos este ano, minha amada. Na noite da virada, brindamos no réveillon a esperança. Juntos aos nossos compadres, o desejo pela cura, pela vacina contra esse vírus que mudou nossas rotinas. Saudamos dois mil e vinte um num confins de bucólica graça. Como sempre sobre as rodas da poderosa. E ao nosso lar adentramos nos carinhos-lambes de nossa pequena Frida.

 

O colégio, nosso pão de cada dia, ainda distante como foi o ano findo. Nosso letivo começou em casa no escritório ou na sala. Mas a ciência nos deu a vacina e fomos aos poucos retornando a nossa lida. O híbrido ensino na escola nos acalentou um pouco o desejo pela volta. Conhecendo alunos somente pelo olhar. A máscara ocultando o sorriso que tanto nos comunica. E assim, minha “tia Micas”, fomos nos driblando para vencer mais este ano.

 

E veja, meu amor, nosso coração campesino nos fez almejar um campo lindo. E adquirimos um terreno para construir o nosso ninho. Lavradores nos tornamos de nosso pomar. Cuidando da terra e enxergando ali o nosso Condado. O nosso desejo de sitiar num balanço lado a lado. Ver o nascer do sol e seu poente respirando o ar da natureza. E nos projetos que nos movem vamos construindo o nosso enredo.

 

E eu, minha poesia, agora traço clássicos sonetos para uma academia. E você, de Deus o verso perfeito, sempre a minha rara rima preferida. Seguindo a mensagem de cada dia, ao seu lado sigo com a publicação de uma Rotina.

 

Ó minha sereia mineira, e a praia baiana que fez pegadas em nossa Frida. Você, pela primeira vez, a se banhar nas águas de Ilhéus. Eu, saudoso sempre, a lembrar de um menino naquelas areias a brincar de conchinhas e descobrindo o sabor dos caranguejos. Ao nosso lado, estradeiro com sua namorada o meu afilhado. Quanta alegria por partilhar esse momento ao lado dele que será, queira Deus, tão bem lembrado.

 

Celebramos, meu amor, neste ano de tantas mudanças, o nosso nono aniversário. Para o molde de nossa cerâmica, a terra de nosso Condado que estamos modelando pouco a pouco em nosso imaginário. E o vime que nos traça, em suas mãos são amigurumis a ganhar forma de personagens. E o calor que nos sopra e aromatiza sai do cachimbo de meu tabaco.

 

A resistência que nos foi imposta pela pandemia que tarda a ir embora é a resiliência que juntos fomos construindo. E o sabor doce que nos alimenta e nos fortalece para essa caminhada está numa pequena criatura que sempre nos chega amada. Que nunca decepciona na singeleza do carinho com seu olhar, suas patinhas e seus lembe-beijinhos. E assim estamos, minha morena de neve, a cada ano celebrando nossa união, com a cumplicidade e o respeito de um só coração.

 

seu Márcio

15 de dezembro de 2021