Confissão de infelicidade
Se ser feliz é experimentar completude
Não sou, sempre me falta algo
Às vezes nem sei dizer o que, mas sinto a ausência
Me parece que a experiência humana é de incompletude
Pode o ser humano ter plenitude?
E a vontade de perfeição de corpo e alma, de eternidade?
E a velha felicidade? Que todo mundo quer mas ninguém sabe ao certo o que é...
Não seria a felicidade uma miragem?
Depois de longa caminhada num deserto escaldante se almeja e nunca alcança
Sofisticada armadilha da ilusão!
Porém a sede é sempre certa:
Um salário melhor
Uma casa melhor
Um relacionamento melhor
Uma família de comercial de margarina
E ainda que a vida, num alinhamento fantástico dos astros
Conceda tudo do bom e do melhor
Haverá sempre aquele contentamento descontente do poeta
Lá estará também a ausência, que dizem ser até do tamanho de Deus
Confesso completa infelicidade