Vencendo a ansiedade
Convivo com a ansiedade –
Nem sempre consigo lhe deixar trancada no armário,
Ou ao lado de fora,
Os acontecimentos são mais fortes do que eu.
Pouco a pouco vai se apoderando do meu corpo,
Torno-me frágil.
Às vezes, ela é tão impiedosa –
Acelera o meu coração.
E, quando passa,
As dores se faz presente,
Cedendo lugar à preocupação.
Esta mesma ingrata,
Invade o meu sono –
Rouba os meus sonhos,
Transformando-os em pesadelos -
E, ao acordar, vagueiam por minhas lembranças,
À todo momento.
Como fugir desse martírio,
Que percorre feito adrenalina em minhas veias?
As vezes fria –
Sem o calor de dias calmos.
É um estresse atrás do outro,
Tomando forma.
Assombram-me os fantasmas,
Em horas claras.
No lusco fusco dos meus olhos cansados.
Talvez, de vez em quando há uma pausa,
Respiro fundo –
Tentando alcançar o ar que cisma em fugir de meus pulmões.
A dor pressinto –
Na agonia da arritmia,
Que dilacera –
Transmita em heresia,
A alegria rara em meus dias.
Para desacelerar –
Apenas a escrita.
A literatura,
Os pés colocando nos freios.
Há uma imensidão dentro do meu ser,
Que se agarra as coisas mais simples.
Em meio à cidade petrificada e ofuscada pela densidade,
Ainda há o conforto da natureza.
Mesmo de forma singela e tímida,
Faz-se presente -
Transmutando e transcendendo o que há de ruim.
Desconstruo-me –
Não tenho o poder sobre a vida de terceiros,
Mas sei muito bem o que desejo.
Embora a ansiedade faça parte,
Dessa convivência.
Há cada dia tento aprender a lidar,
Nas engrenagens que teimam em girar.
O bem e o mal –
Sob uma roleta russa.
Dia após dia –
Fugindo e/ou vencendo os percalços.
Do fundo do poço –
Impulsionando-me,
Sigo com os pés descalços.
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