Face a face com o Infinito

 

Não é possível passar esse tempo

sem pensar nesse limite,

que para muitos é o término físico da vida

quando deveria ser tão somente um fenômeno

da própria existência.

 

Contudo a morte nos tira da vivência cotidiana,

das ocupações que tomam conta da vida.

A pandemia por um lado trivializou a morte,

sendo até tripudiada pelos governantes.

 

Contudo, ela bateu forte em tantas pessoas.

Algumas perderam seu próprio cordão umbilical,

com o enterro da própria mãe.

Outros perderam muito mais.

Mãe e duas avós: Três grandes mães!

 

Sim! Não podemos simplificar o lugar ocupado pelas avós.

Tem-se a impressão que Deus multiplicou por três

o que havia de melhor na criação: a maternidade.

Por isso a morte das três não é algo banal,

Natural.

 

Não há naturalidade na morte provocada pela Covid,

apenas os ignorantes e rudes defendem essa via sem coração.

São corações de pedra.

Negaram a própria origem materna.

Sucumbiram no seu trajeto de serem filhos.

Tornaram-se bastardos da vida.

 

A morte da mãe representa a perda do amparo,

daquele útero que se prolongou pela vida,

apesar de todos os cortes.

Então habitar a morte da mãe

é torná-la um pouco mais viva

mesmo na dor.

 

É fazer justiça à vida

e não chorar a morte,

pois somente assim nos colocamos

num face a face com o infinito.

Edebrande Cavalieri
Enviado por Edebrande Cavalieri em 10/12/2021
Reeditado em 10/12/2021
Código do texto: T7404411
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