Em busca da palavra síntese
Tudo novo
Não sei
Tudo velho
Se pensar que o novo
Como algo renovado
E que
Como impulsiona
Outro novo
Daí
Para espanto
E certa decepção
O novo já é velho
Eu gostaria que fosse
Qual novo se manifesta
O nascimento de uma criança
Tudo novo
Já velho
Pensou o poeta
Quando lhe falou a palavra que fecharia o poema
E sem outra
Que evocasse o belo
Talvez como Michelangelo
Que não viu Moses
Caminhar tão logo
Lhe deu a ordem ao fim da escultura
Ao poeta
Que não encontra a palavra síntese do poema
Se parece com o ouvires
Que não encontra o brilho mais puro do diamante
Assim
Para àqueles
Que pensam o novo
Um presente, um prêmio
Que o ocaso oferece
Descobrir que não é assim
Pode parecer que foi vítima de uma trapaça
Descobrir o Belo
Tal qual nos ensinam os gregos
Mais que saber o quê isso significa
Requer certo desprendimento
Requer
E isso exige certo grau de sofrimento
Requer saber
Que o Belo
Não está à vista
Ele se esconde nas sutilezas
Está no sorriso de uma criança
Na caminhada de uma mulher
No desleixo de um homem
O Belo não está em padrões
Mas em transgressões
Em transgressões
Que afronta tudo que iguala tudo do mesmo modo
Um falar
Uma palavra
Numa falsa postura de que o que era
Deixou de ser porque o Novo
Inaugurou uma nova era
E assim se impõe como um novo modo comunicacional
Assim
A Nova palavra
Em oposição a busca do poeta
Que procura a palavra síntese do poema
A Nova palavra
Mais que já ser velha
É perigosa
Porque
Ao contrário do poeta
A Nova palavra
Não nasce do desejo de se chegar e achegar ao Belo
Mas enquadrar posições
E o Belo
Para tristeza dos poetas
Se verá entre grades