Questionário
"Nada devemos temer, exceto as palavras"- Rubem Fonseca.
-Quantas vezes você, caro leitor, já se perdeu? Quantas vezes não soube para onde ir? Sinto-me só, você também? Peço escusas por essas perguntas que lhe faço. Sei que são íntimas, não precisa responder.
- Quantos amores, caro leitor, você já perdeu? Quantas vezes ele foi embora e lhe deixou com um grande frêmito de dor? A sua dor também se dá na região do peito? Como se houvesse um buraco, vazio, tristonho? Peço escusas, são perguntas tão íntimas, não precisa responder.
- Quantas vezes, caro leitor, você já chorou sem parar? Quantas vezes você já disse: está "tudo bem, mas não estava? Peço escusas, são perguntas tão íntimas, não precisa responder.
- Quantas vezes, caro leitor, você já gritou? Quantas vezes, assim: gritaaaaaaaar. De desespero mesmo junto com uma súbita agonia? Peço escusas, são perguntas tão íntimas, não precisa responder.
- Quantas vezes ,caro leitor, você se deu por vencido, desmotivado? Mas sabia que tinha que levantar-se rápido para ganhar a vida? O estar triste por algum momento, se permitir alguns minutos de reflexão, a tristeza não lhe soa como um privilégio? Peço escusas, são perguntas tão íntimas, não precisa responder.
-Se você chegou até aqui, depois de tantas perguntas melancólicas pensando em alguma frase motivacional, citação religiosa ou verso de esperança, peço escusas caro leitor, sou feito apenas de perguntas. Movo-me apenas nelas.
-Posfácio:
"E viu que era bom, que tudo isso era muito bom, levantou-se do seu computador, depois de escrever e foi gritar seus silêncios em outro cômodo."
"Bem aventurados os que se movem pela escrita da pergunta".