Árvores nuas

Gosto de ouvir os silêncios nas árvores nuas quando despencam de saudades das folhas que se foram. São solidões que passeiam na derme ressequida dos galhos, como que contando histórias sem fim para o tempo. O azul celeste as contempla como que cúmplice da maldade do sol que arde nas cascas sobreviventes. De longe as poesias espiam versos caídos nos seus pés com raízes expostas e já carcomidas, sem as sombras de outrora.

A vida é canção cantada em todas as vozes e mesmo quando desentoada é para ser vivida nesse espetáculo que ela é, e que sem ensaios, todos os dias nos surpreende com primaveras ou amarelões de outonos. Árvores nuas são anciãs, que em todas as estações se fizeram firmes e mantiveram a beleza, mesmo com todas as mutações que o tempo obriga a ter enquanto se vive, e ele no mesmo lugar apenas observa, rindo dos calendários inventados para se contarem dias e noites. O tempo não passa, nós é que passamos por ele.

E assim na curvatura e nas diversas formas dos galhos estendidos no ar, mas presos nos troncos agarrados ao chão, assim como nossos corpos envoltos em fases e sentimentos, vemos que a vida é corrente de elos infindos que abraçam as concretudes de cada coisa e de cada ser, rumo à amplidão das abstrações misteriosas de todo universo.

Leiam a poetisa Aparecida Ramos e aproveitem para adquirir o seu novo livro A OUTRA, EU E A POESIA. Embarcarão numa bela viagem, cheia de emoções em poesia e prosas. Está maravilhoso!

Link da página da poetisa.

https://www.recantodasletras.com.br/autor.php?id=74777

Takinho
Enviado por Takinho em 08/12/2021
Reeditado em 28/12/2023
Código do texto: T7402876
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