Tanta beleza!
Uma covinha na bochecha ao sorriso é um charme, uma fofurice sem igual. Especialmente porque só poucas são as pessoas com o privilégio da gelasina. E, sendo raras, são lindas de se ver.
Outra bonitice cotidiana, felizmente menos rara, é o sorriso naturalmente branquinho e completo, algo de zelo e capricho que torna as pessoas bem mais bonitas.
Também acho lindos os cabelos afogueados, os ruivos naturais, cada vez mais raros e que muitas vezes vêm acompanhados de algumas sardas que completam o charme do visual. Mas não menos belos são os cabelos de todas as cores, de todas as texturas, de todas as formas e tamanhos, cabelos são a moldura e, até sem moldura alguma, seguimos formosos à imagem e semelhança do que cremos!
Olhos azuis são mágicos, os verdes são tragicamente belos, os castanhos formam lindas ranhuras e desenhos e os pretos são poéticos, mas olha, os cinzentos, os violáceos e os folha-seca não têm igual!
É bonita a captura do artista na tela, seja pintura ou fotografia, do menino pobre e sujo na rua.
Também é belo o idoso negro, de barbas brancas eternizado no quadro, de sorriso franco e sem dentes. E as velhinhas cujas banguelezas estridentes fazem barulho mesmo no gelo da fotografia.
Tem tanta beleza nesse mundo! E no magenta do fim do dia, no enegrecer vagaroso e certeiro a revelar vagalumes, todo o encantamento da chegada preta da noite! Que beleza sem igual!
Ah! Tão bonito é o horizonte, com mar ou sem mar, pois de onde se olha se vê bonitice! Nas sinuosidades que recortam a serra, na vegetação pálida ou no verde onde cantarolam periquitinhos secretos, tudo é poesia!
No cristalino da gota de ovalho, ou na secura da terra batida, na fartura ou nas ranhuras do chão castigado, tudo é arte, tudo é enlevo, requinte.
E sem falar que na brisa é que eu sinto Deus me beijando, no perfume do campo eu sinto o aroma do que chamo de céu e é através do olhar do menino que Deus me olha e diz: Estou aqui!