Indigente

Hoje eu decidi contar uma história difrente

Vou falar sobre um sujeito que não era gente

Não tinha respeito e nem liberadade

E antes de partir, teve o direito de existir pela metade

Era noite e estava frio

E seus olhos encaravam o vazio

Que o encarava de volta

Que grande irônia, naquela cidade cheia

Observava os pássaros cantarem

As pessoas se atrasarem

Muitas nem o enxergavam

Como se ele de fato não estivesse lá

Era um mero enfeite de rua

Um pedaço do afasto pra desviar

Um alguém tão desprezível, para se preocupar

E ele por sua vez, deles só sentia dó

Todo aquele caos e ego

Vai ver esse conto não é sobre um homem só

Mas sim, sobre um homem invisível e o outro cego

E é por aí que vou começar

Mais um dia como outro qualquer

Acordou e beijou sua mulher

Que já cedo aprontava o cafe

Foi logo dizendo: Não tenho tempo pra esperar

E saiu batendo a porta sem sequer reparar

Que ela havia feito torta e que amava conversar

Tinham dias, que preferia estar morta

Mas se acaso assim fosse

Ele talvez nem notaria

Sairia correndo outra vez

Desejado- a um " bom dia"

Tem gente que estranha a minha poesia

Mas me deixa explicar

Que aquele homem cego não era tão ruim

Era até bem comum

Só mais um trabalhador atrasado

Se não fosse pelo acaso

Encontrando seu caminho um pouco mais adiante

Quando por em um breve instante, desviou o olhar do volante

E ouviu um barulho atingir o chão

O homem então percebeu que algo tinha atropelado

E saiu em desespero do seu carro

Lá na rua, um velho estirado

Com o peito ensanguentado

Ele logo olhou pro lado

Procurando alguém, que tivesse reparado

Não podia acreditar no que tinha a sua frente

Era mais um indigente

E um mero contratempo

Que não valia a espera

Afinal, aquele homem nem gente era

Nem devia sentir dor

E por isso se virou

E de lá deu a partida

Ignorando o valor daquela vida

Que ali se despedia

É, tem gente que estranha a minha poesia

Mas não faço pra agradar

Faço porque sinto e sinto a vontade de compartilhar

Mesmo que esse fato possa incomodar

E essa história inventada talvez te faça relembrar

Quantas vezes os seus olhos desviaram

O olhar

De alguém indiferente

Veja, note que eu também não sei muito sobre ele

Eu só conheci seu fim

E essa prosa brotou de mim

Quando me percebi ausente

Eu notei aquele homem triste

Ocupando a minha mente

E percebi que deles dois não sou muito diferente

Afinal, eu contei essa historia sem seuquer saber seu nome

Porque aquele homem

Nem era gente

Grécia
Enviado por Grécia em 07/12/2021
Reeditado em 02/05/2022
Código do texto: T7402033
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