Tardes de domingo

Nunca entendi direito aquele clima das jovens tardes de domingo

tão cantadas e encantadas pelos cantores da Jovem Guarda.

 

A tarde de domingo difere de qualquer outra tarde.

Está mais para o lado do tédio que dos carrões levando pessoas felizes.

 

As tardes de domingo são mornas, cor cinza, cheias de fumaça.

E querem nos culpar por sentir isso.

 

Não suportamos o ritmo continuo da vida

e por isso quebramos o tempo de sete dias, para o descanso?

 

O escritor bíblico não quis se envolver com questões psicológicas,

e então falou nesse descanso que o capitalismo insiste em subtrair do trabalhador.

Era preciso inserir uma ruptura no tempo para que ele não se tornasse enfadonho.

 

As tardes de domingo nos mostram o mesmo lado da ruptura,

voltando tudo na mesma rotina.

O tédio da tarde de domingo é o nosso destino.

 

Aqueles carroes eram ilusões, alienações.

Dissimulação da dureza da vida de trabalho

e da vida política daqueles tempos difíceis.

 

Então hoje fico com o meu nada.

Sem culpa e sem ilusão.

Amanhã há de ser outro dia.

Edebrande Cavalieri
Enviado por Edebrande Cavalieri em 05/12/2021
Reeditado em 07/12/2021
Código do texto: T7400747
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