O amor atemporal
Não acredito no amor que se encerra. Quando amamos, a eternidade se manifesta e aquilo que é eterno não conhece o fim. A finitude é uma ilusão proveniente da tolice ocidental, que limita os ciclos românticos. Quando se ama de verdade, o amor se lança ao infinito, perdendo-se e bastando-se por si mesmo, persistindo em múltiplas dimensões. Não há tempo nem espaço capazes de controlar algo que já foi lançado neste plano e em outros. A finitude é infinita, pois a cada momento algo se encerra, e o fim é eterno porque nunca se completa a totalidade do universo. Nem mesmo a morte é um ponto final. A noção de começo e fim segue a lógica do tempo cronológico, que nem mesmo o relógio em minha parede consegue acompanhar. A bateria esgotou! Mas posso substituí-la. Assim também ocorre com alguns corações: a bateria se esgota, esquecemos por algum tempo o relógio na parede, que permanece silencioso e esquecido. A preguiça de trocar a bateria é imensa e ridícula; o relógio está próximo, necessitando apenas de uma insignificante bateria para voltar a funcionar, e finalmente surge a coragem de substituir a tão bendita bateria do coração!