Andanças de Fé

De onde eu vim as vozes não calam, as flores não murcham só se despetalam, o chão mais brilhante é de argila, a dor não mutila seres tementes, assim como prosperam as raízes num saber conectado com o solo fértil, um tanto amigável um tanto arredio.

Endereçada eu renasço todos os dias, as vezes pela manhã, as vezes na noite infinita, e quando no cair da tarde sou mais bonita, o que me asseia se chama esperança, vale-me a fé que me capta até quando a beira de um abismo, só não posso ser ingrata ao receber de cada travessia acolhimento.

Deste canto cultivo o amor, mas sem esquecer do retrato de horror que afronta em vãs momentos, porque nos caminhos também encontro espinhos quando peregrino entre a vida que morre todos os dias e a morte que da vida é senhora.

Deveras o tempo e a minha passagem ter a certeza de onde vim, quem sabe assim conhecer minha máxima fonte de ressignificação, e nas ruas sem nome desta que sou eu, inspirar cada uma ser importante com a certeza que a soma das andanças me qualificam.

Se fui e vim cai sempre para levantar com a descoberta que meu lugar é uma linha imaginária, sou membro de um território sem fronteira, que as vezes estar pronta é descer ribanceira, apareci para o mundo em composição de segundos, mas só no meu recanto, existência perene, eu me demoro.

CarlaBezerra

Divina Flor
Enviado por Divina Flor em 26/11/2021
Reeditado em 26/11/2021
Código do texto: T7394093
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