Um ato de fé

Andei por tantos caminhos,

Estradas empoeiradas,

Em velocidades de todo tipo.

Passei por tantas igrejas,

Tantas capelinhas,

Encravadas nas pastagens

Onde até os bois e cavalos parecem querer entrar.

Encontrei capelinha que não cabia mais que cinco pessoas.

Outras aspiravam a serem consideradas catedrais.

De uma especialmente não esqueço

Pois ficava ao lado de um campo de futebol.

Antes era preciso rezar

Para depois cair na diversão gratuita e sadia.

Mesmo sob o olhar da santa,

Depois de tanta oração

A garotada não refrescava as disputas de bola

E tantas vezes nem juiz resolvia a pendenga.

Era no braço mesmo que se encontrava a solução.

E ali naquele cantinho

Onde a santa recebia as primeiras devoções

Bem perto de uma estação de ferro,

Os homens passaram a se encontrar e rezar.

O campo de futebol tornou-se estacionamento

E a capelinha deu lugar a um santuário,

Mas ainda resiste

Para mostrar para a posteridade

Que o caminho da fé

Começa como trilha pequena

E assim pode permanecer para sempre

Ou transformar-se num centro de romarias.

Não se mede a força da fé pelo tamanho das orações

Ou das capelinhas

De minha parte,

Permaneço no cantinho recolhido

Sem barulho e sem plateia.

Quero apenas que a mesma santa

Continue a me olhar e me perdoar.

E caso não possa fazer isso,

Que faça uma mediação com seu Filho.

Por que quero continuar na festa

Tomando vinho

E vivendo a alegria da vida.

 

Edebrande Cavalieri
Enviado por Edebrande Cavalieri em 23/11/2021
Código do texto: T7392468
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2021. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.