Fluição
A realidade é produto de um esforço contínuo. A linguagem é a certeza da insuficiência, não cabe-se e em nada, nem em nada. O conceito justaposto se sobrepõe a tantos outros e há tantos sem nome. A realidade é um código sem fronteira, um óbvio tão ingênuo que de tão óbvio nos consome e nos dilui no nada, tantos, tantos nomes. A realidade é o código com tantas chaves que fazem-se mistério, mas que se tanto Helius tornam-se um tanto faz, é uma chave, nada mais. Proíbam-me, dissolvam-me, comovam-me por mais tempo... Torno-me em mim mesmo, sarcófagos em ti-me e é isto mesmo, calo-me e culpo-me de tudo que não tenho, não tenho-me que não seja nada, o mesmo nada tão singelo; Sofro por não ser, ser que não o é, não tenho-me pois não sou, se ter é saber o que tem, o que tenho se não sou? Confluência de versos em mente, ou mentes em versos, contiguidades e semânticas, artísticas, literárias... Escrevo pois não sou e faço desta escrita o que não tenho, tudo que não tenho, nada; Faço deste sonho regalo de um vislumbre que é mirage no deserto, um delírio de um homem morto condenado a viver isolado em um mundo sem alimento, alimentando-se no não-ser de um jaz é, que é tudo e por isso nada, um tudo que nada é e por isso algo é, ser-algo, és em mim, em ti, em tudo... Em ti, em tudo, em mim? Nada, por isso tudo; Tudo que o é em si, não concreto, disforme, decorrente de um delírio, uma certeza do incognoscível, uma miragem para o/ao desconhecido, um saber que é desconhecer-se em tudo, não reconhecer-se nem mesmo/sequer no nada, um saber que é...