AMOR E A CARRUAGEM DOS VENTOS
Litoral Sul do Brasil. Beira-mar. Algum frio e esparsas chuvas.
Neste toque de tempo e vida, a visita diária é o vento que cochicha nas frinchas e nos beirais das casas.
Seus humores escabelam flores primaveris em noviços jardins. Esbeltas folhas de palmeiras tamborilam nas ‘canoinhas’ de proteção do tronco.
Ao largo das areias, o renque de coqueiros parece um desfile de esguias garotas predispostas à estação do sol.
Em amorosa procissão, baços de maresia, olhos acesos e coração ajoelham-se no cruzeiro de velas, saudando Iemanjá e sua tribo.
Mágico é o movimento das pálpebras: a lua tímida é uma vírgula de prata soluçando triste no firmamento.
O amar sempre viaja na carruagem dos ventos.
– Do livro EU MENINO GRANDE, 2006/2008.
http://www.recantodasletras.com.br/prosapoetica/738987