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Acompanha-me as estrelas neste prolongar de noite, para além de qualquer rumo ou de qualquer silêncio.
E desnudas, continuam as minhas mãos, para que os caminhos que percorro se entranhem em meus poros e em mim permaneçam para além destes momentos sem horas, sem passados, sem memórias.
Ao olhar o céu estrelado, sei que um pouco de mim permanecerá em cada brilho, e se prolongará em cada amanhecer, renascendo a cada noite, no brilho do teu olhar, que é doce.
E a cada passo que dou, nas entrelinhas deste céu, vou deixando estrelas assinalando o caminho, como quem semeia um campo de sorrisos.
E eu sinto o vento, ao fundo.
Ele me traz do longe pedaços de sonhos completamente moldados ao espaço dos teus braços, asas vestidas de ternura branca, como nuvens. E me sussurra e me segreda que a beleza rara dos horizontes é real e que é nas breves partilhas de silêncios que as distâncias se dissipam melodiosamente.
Contou-me, uma vez, uma fada, que as distâncias não existem quando aprendemos a viajar entre as estrelas, prolongando-nos para além do que sentimos. Para tanto basta fecharmos os olhos e deixar germinar no peito as asas da nossa alma. Depois, numa entrega plena ao que de nós é pensamento, saberemos prosseguir num vôo sem limites e sem barreiras impostas pelo tempo ou pelo espaço.
Contou-me esta fada, em segredo, que é assim possível saber o aroma de um beijo. 
E eu acreditei!
E nunca mais tirei meus olhos do céu. 
E agora em silêncio,  abro-te sempre meus lábios, num sorriso que deposito suavemente no horizonte, junto às estrelas do céu.

 
MIRAH
Enviado por MIRAH em 16/11/2007
Reeditado em 19/02/2020
Código do texto: T738970
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