Estou Aqui
Não importa mais sofrer pelo que foi vivido, lamentar as ruas não percorridas, nem as vitórias não conquistadas.
Se antes, voltar pela contramão, e corrigir o defeito, era assunto de sonhador. Hoje, não dá mais tempo satisfazer o saber tão somente das profecias, e das conclusões dos sábios e entendidos a respeito do que fizemos como humanidade.
O campo aberto, vida num novo tempo, foi manifesto no instante. Sem apoio; muleta e muro de arrimo.
Eu e tu, eu e nós, eu e eu mesma, tu e tu mesmo. Juntos, ou separados, condenados à vida que se revelou.
Às vezes, passei me ver diminuta, preterível, vulnerável, invisível, vez outra, exponencialmente presente, inteira, desperta, desafiada às escolhas, tentada a realizar o simples, o essencial.
Como se, para o que tenho que fazer, não precisar mais de muito o que argumentar, questionar, ponderar.
Pelos fatos, aquilo que tem acontecido, tudo se tornou palpável, demonstrável, indiscutível, a olho nu.
Passou ser sem graça manter-me em velhos posicionamentos, críticas que convenciam-me de que não “era por alí”.
Calho-me lembrar das águas tóxicas, que de represadas, passaram viverem livres. E todo entulho, toda sujeira represada, liberada rio adentro, rumo ao oceano, vida, para o descarte, à disposição da Justiça Divina, que definirá na eternidade as culpas e os culpados, num amanhã que os livros contarão.
Nunca estive tão perto do olho do vulcão, mudança.
Nunca estive tão em mim.