CHEIA DE SI

Aquela noite de sábado estava fria e não havia nenhuma nuvem no céu – o que dava às estrelas liberdade para serem ainda mais magníficas!

Era o momento perfeito para sair da cama e viver a realidade por um tempo.

O simples ato de interagir com um pequeno fragmento do mundo faz (ou deveria fazer) qualquer ser

sentir-se presente e, assim, comprovar a sua humilde existência.

Acompanhada de si mesma, ela agasalhou-se adequadamente e decidiu sair da sua zona de conforto

aquecida para arriscar a possibilidade de vivenciar uma experiência nova.

Aquela jovem apenas queria que ocorresse qualquer acontecimento que conseguisse mexer com os seus sentidos.

A vida estava monótona demais para suportar...

A energia que a Lua cheia e o passado das estrelas transmitiam penetrou em cada átomo que a constituía.

Uma nítida satisfação instaurava-se em seu semblante; os olhos castanhos brilhavam como as próprias estrelas que avistava.

Sentia-se completamente à vontade na companhia dela mesma e da noite – conclusão esta que já havia chegado há algum tempo.

Todos temos um universo particular a ser explorado, compreendido e exteriorizado como queremos e com quem queremos.

Hoje ela percebeu que a estrela massiva que queima dentro do espaço ocupado pelo seu corpo é suficiente para mantê-la brilhantemente ativa por muito tempo...

O poder de emitir a sua própria luz para quem consiga e aguente enxergar.

Voltou para a casa; agora podia dormir com a consciência tranquila.

Estava como a Lua: cheia de si e solitária.