Assassinatos

Quantos assassinatos cometemos

durante a vida?

É verdade que nem sempre precisamos sujar as

mãos para cometer tais delitos.

Diariamente, matamos a nossa sede e também

a fome: crimes justificáveis, perdoáveis e necessários.

Quando surge a oportunidade, matamos a vontade de realizar

algo que tanto desejamos, mesmo que isso custe um alto preço.

Os menos letrados, quando se encontram tomados pelo tédio e

desprovidos da atual tecnologia, tendem a matar o tempo com

aquele livro empoeirado que, para eles, não passa de um

objeto desimportante.

Por determinação ou por conta do acaso, matamos

a saudade daquela pessoa que andava distante; em consequência

disso, vivemos mais e melhor.

Porém, com o passar do tempo, os crimes se tornam mais hediondos.

Às vezes, mesmo contra a nossa vontade, somos obrigados

a assassinar o mais lindo sentimento que guardamos

no coração. Nesse caso, uma parte de nós também acaba falecendo.

E com o passar dos anos, matamos e enterramos

o que temos de mais valioso: os sonhos e a fé.

Seguindo um velho clichê, poupamos a vida da esperança,

mas ela acaba morrendo por si só, mesmo que por último.

Diante de tantas mortes, cabe a nós a árdua tarefa

de carregar o mais pesado dos fardos: o nosso corpo

em constante decomposição.

Renato A
Enviado por Renato A em 08/11/2021
Código do texto: T7381154
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