Quisera roubar um pedaço do crepúsculo e assim tocar o infinito, pois ele sempre existiu e existirá. Sigo então à procura desse âmbar intocável em mais uma tarde que esmorece em direção à noite. Nesses momentos sou uma sombra, perco-me e preciso cantar para saber por onde anda meu coração, pois ao crepúsculo de cada dia - mais um pedaço se vai. Sou finita, jamais saberei as verdades todas. Quem toca-me é a mão de veludo desse entardecer e junto a ele faço uma prece agradecendo mais um dia, mesmo que não tenha sido tão bom, mesmo que a esperança tenha vacilado, ou que a saudade tenha dado o ar da graça dentro do coração, mas este é forte e tem lugar para muito mais ainda.
Agradeço a linda interação do Poeta Solano Brum.
Ah! Como eu gostaria de ficar, assim,
Vendo o crepúsculo, além, lânguido...
Em seu curto tempo, chegando ao fim,
Na tarde sangrenta e o sol sumindo!
Numa cadeira, qual Pequeno Príncipe,
Assistir, muitas vezes o por do sol
Travar na garganta: "Vini, Vide, Vice"
E o encantamento curando todo mal!
Ficar assim, envolvido, de camarote,
Com a tarde dentro dos braços da noite,
Tendo, a enciumada lua, como suporte,
Ficar assim, em silêncio, sendo nada...
Sem asas para voar... Sequer açoite,
Sem sentir, do aguilhão, a ferroada!* *
Solano Brum