Gotas
A noite cai, e mais uma vez
Me encontro nesse lugar
Entre suspiros e ruídos do mundo,
No silêncio entre os sons de um espaço vazio.
Onde antigos presentes retomam o agora
Um vale sem formas além das criadas por sua ausência.
Como o vazio que ocupa as mãos que ainda procuram as suas.
Ou a secura dos lábios que tocaram os seus.
Nas memórias de alegrias que juntos vivemos.
Breves suspiros entre fardas histórias.
Além de tudo, lugar de palavras ainda não ditas.
Chamas ardentes, ferozes, ávidas por seus ouvidos.
Nascidas de meus oceanos
Minhas pobres gotas entregues aos ventos
Para chegar a lugares puros
Intocados como os horizontes que se escondem
atrás de olhos tão misteriosos quanto gentis.
E assim elas me são, tristes companheiras falhas,
Mais incansáveis não haverão de ser
Pois sabem que se chegasse a você
Uma ínfima fração de tudo o que sinto,
E no mesmo querer te fizessem sentir
Você saberia o que eu soube
Na primeira vez que te vi.
Assim, a solidão me traz as noites.
Procurando-me no único lugar onde te encontro,
Nos vastos campos onde minhas frases brotam,
Na minha alma, na minha escrita.
Porque cada frase, cada letra,
Sempre foram,
e sempre serão pra você.